Infelizmente temos que admitir que a morte é um fato.
Da mesma forma que acontece com crianças, a abordagem do assunto com os idosos pode requerer um trato diferenciado.
De modo geral, os idosos têm grande dificuldade em aceitar a morte e discutir isso com outras pessoas, ainda que próximas.
Para muitas pessoas, durante o processo de envelhecimento, dois movimentos (atitudes) são percebidos e geralmente ocorrem ao mesmo tempo, ainda que de maneira inconsciente:
– Ao negar a morte, recusando-a com todas as forças, as pessoas podem rejeitar também a velhice.
Isso pode acontecer porque essa fase da vida tende, naturalmente, a ser a mais próxima da morte.
Um estudo recente, realizado com 2 mil brasileiros com mais de 55 anos de idade em dez capitais do país, mostrou que a morte está entre as dez respostas mais citadas como a primeira coisa que vem à mente quando as pessoas pensam na velhice.
O luto pode ser compreendido como um processo normal e necessário para superação da perda. Esse processo é considerado como uma reação natural quando se rompe um vínculo, produzindo dor, sentimento de tristeza, saudade, vazio e abandono pela morte de alguém.
Contudo, na terceira idade, as perdas relacionadas à morte são mais intensas, porque estão relacionadas à morte de pessoas importantes, amigos de longa data, companheiros de uma vida toda, amigos do trabalho por décadas…
Outro complicador no processo de envelhecimento é o enfrentamento de consecutivas perdas reais e simbólicas, uma vez que para uma mesma faixa etária a expectativa de vida torna-se parecida. Ainda, a morte não costuma ser vista pelas pessoas como algo espontâneo e natural. Acredita-se que ela é vivenciada simbolicamente nas perdas ocorridas na velhice. Ao enfrentar essas perdas, o idoso lida inevitavelmente com a morte e vivencia o processo de luto.
As fases do luto, de acordo com a psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross, são as mesmas, independentemente da idade:
– negação;
– raiva;
– negociação/barganha;
– depressão;
– aceitação.
Ainda que para algumas pessoas esse processo possa ser linear, é muito comum que essas fases pareçam mais como uma montanha-russa de emoções.
De fato, o processo de luto não é fácil, por isso é importante permitir que o idoso leve o tempo necessário para se reorganizar emocionalmente.
Na fase inicial do luto, o idoso pode precisar de ajuda para atividades básicas da vida diária, já que perdeu a pessoa que o auxiliava (no caso dos cônjuges).
Talvez o mais importante para a família e as pessoas mais próximas seja ter paciência com o idoso enlutado e, principalmente, desenvolver uma comunicação simples e clara para que consiga compartilhar os sentimentos sobre a morte, buscando contornar o desequilíbrio decorrente da perda.
Escutar com atenção, calma e empatia, para que a pessoa possa falar sobre seus sentimentos. Falar é muito importante para a reorganização emocional.
Ainda assim, muitos enlutados não conseguem reorganizar-se após a perda, seja por não receberem apoio suficiente capaz de amenizar o sofrimento ou por não se sentirem encorajados a solicitar algum tipo de auxílio.
Isso porque é muito frequente que os idosos enlutados sintam culpa ao discutir seus sentimentos negativos em relação ao falecido ou às interações que tinham no entorno da morte e momento (ou antes, se for necessário), a psicoterapia auxilia muito no processo de luto em si, ajudando o enlutado a restabelecer interesses e relações que possam substituir as situações perdidas.
À medida que os pacientes discutem tais sentimentos, torna-se para eles mais fácil considerar caminhos novos de se relacionar com outras pessoas. O enlutado passa a buscar estratégias para melhorar suas relações, dando abertura para conversar sobre suas fragilidades, apresentando maior enfrentamento da sua realidade.
Bom, resumindo de maneira bastante clara: paciência e tempo são a chave para superar esse momento!